Coragem...

Você sabia que aconteceria cedo ou tarde, já esperava por isso. E agora está bem aí na sua frente...
De repente o coração dispara, a respiração fica ofegante e rápida, o frio na barriga se expande e as pernas bambeiam. Medo... Medo? Medo! Logo você que sempre está bancando o durão? Como pôde acontecer? Não era você que tinha o mundo nas mãos? Péssima hora para se descobrir que é de carne e osso.
Então tudo pára, não há movimentos, em uma fração de segundos seus instintos mais primitivos curvam sua cabeça para o lado e lá está sua rota de fuga. Suas supra-renais estão trabalhando loucamente produzindo e secretando adrenalina para sua corrente sanguínea. O frio na barriga aumenta parecendo um pulo de para-quedas. A cabeça tonteia, mas seu estado de alerta intensifica-se, você fica mais forte e seus reflexos mais rápidos. É sua deixa...
Mas repentinamente você faz tudo aquilo que não poderia: pensa. Desistir? Eu? Não! Eu nunca desisto. Suas pernas travam confusas, pois já sabem se vão ou se ficam. Movimentos involuntários percorrem todo o corpo. Agora é tarde, já não consegue mais fugir, perdeu sua chance. Terá que ficar e enfrentar.
É nesse instante que ela aparece para te salvar: a Coragem. Diferente do Medo chega devagar, com calma, sussurrando-lhe o pé do ouvido que não ainda é o fim de tudo, com um cuidado materno lhe devolve o controle de seu corpo e com a graça de guerreiro evoca suas memórias mais heróicas.
Você ainda não sabe como vencer, mas no fundo de seu coração já sabe que vencerá de algum modo...
O Medo é natural a todos, surge nas horas de perigo como um mecanismo de sobrevivência.
A Coragem é uma dádiva de poucos, brota da vontade como um mecanismo de evolução.

Escrito por: Robert Ribeiro