quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Casa sem pão

Na casa do mundo tinha pia, porta e chão.
Pão não.
Uma casa qualquer, com vassoura pra manter a organização.
Pia, porta e pipa.
Pipa não,
pois não há diversão sem pão.

O pai sem pão buscava respostas para sua decepção:
"Se Deus existe, se esqueceu.
Cansou e foi aproveitar o verão".
Mas não aqui.
Aqui não.
O verão é sol rachante, terra seca é o chão.

Mãe sem pão é desespero.
Peito seco sem razão.

Filhos sem pão são esperança
de mudar o meu sertão.
Na inocência da infância
não conhecem os motivos de tamanho sofrimento.
Nem por Deus e nem por sorte,
mas por homens sem caráter.
Corrupção.
Só.

4 comentários:

  1. Nunca estive no sertão... E acho que vc tbm não...
    Quando a gente vai escrever sobre algo que não conhece é exigido maior sensibilidade... E vc realmente conseguiu captar essa essência...
    E como discutimos sábado, ninguém ta nem aí pros problemas do brasileiro... A gente dá um jeitinho não é a toa... Há muito descaso, isso sempre houve, é cultural. Todo brasileiro é malandro por natureza e com nossos governantes não poderia ser diferente...
    Abraço!

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  2. Ro, eu arrepiei. Sério! Muito bom! Um drama muito bem retratado!

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  3. Robert,

    Como ousas dizer com certa veemência que nunca estive no sertão?!
    Passo sempre lá!
    Viajando nos versos detalhados de Guimarães Rosa.

    Hahahaha zueira
    Que mala!
    Mal li Sagarana....

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  4. Muito bom mesmo! Bem escrito e bem pensado!

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